Por Anna Cruz
Na interação que os livrinhos propiciam, frequentemente me perguntam sobre “faixa etária” adequada para a leitura deste ou daquele título.
É uma pergunta extremamente embaraçosa, porque não sei a resposta.
Costumo dizer que eu, que já somo algumas décadas, sou prova de que não há limites etários máximos (“este livro é legal para uma criança de até uns 6 anos…”) e minhas filhas, que geralmente leem, sob mediação, qualquer coisa que lhes chegue, atestam que não há limites mínimos (“este aqui só serve para quem já tem pelo menos uns dez anos”).
Tatiana Belinky, de quem sou fã declarada (e quem não é?), contava uma historinha sobre seu pai ter escrito um bilhete à bibliotecária da escola, autorizando-a a ler qualquer livro que quisesse, sem censuras, após um episódio em que Tati se decepcionara com a estante reservada às crianças de seu tamanho.
Admiro o senhor Aron Belinky e o tempo mostrou que ele estava coberto de razão, mas não sei se teria a mesma coragem…
Particularmente, penso que em cada casa, em cada família, há certos temas mais ou menos delicados, aqueles que precisam de uma abordagem planejada, que terão impactos práticos em determinados aspectos.
Há também de se ter em conta que nem tudo que tem capa e folhas numeradas é bom por si só: há livros ruins, com um português manco, e, o que é muito pior, há livros francamente preconceituosos, que perpetuam grosserias. Uns e outros, prefiro evitar embora não os proíba.
Acho que a leitura, como tudo na educação, demanda envolvimento.
O adulto próximo – seja ele professor, pai, mãe – é quem tem condições de usar a régua apropriada para medir amadurecimento, domínio da língua, interesse, e supervisionar a adequação dos livros.
Claro: supervisionar não é impor; o adulto compra o que a criança lê e vai aí uma relação de poder, naturalmente. Mas é importante reconhecer predileções, deixar que escolham o que lhes agrada, que abandonem um livro que não lhes tocou o coração, que o resgatem mais tarde se assim o quiserem. Mas estando ali, do lado, aproveitando a chance de conhecer sua criança.
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Conheça a AUTORA!
Anna Cruz é graduada em Direito, especialista em Geriatria e Gerontologia, mestre em Direitos Humanos.
Autora do livro “Vulnerabilidade humana e envelhecimento: o que temos a ver com isso”, editado pela Portal Edições, 2015.
É mãe da M.L. e da C., filha da Vera e do Orlando, da Ana Maria Machado e do Ziraldo, da Ruth Rocha e do Sidónio Muralha, da Eva Furnari e do Roald Dahl, da Silvana Rando e do Michael Ende, da Sylvia Orthof e do Ilan Brenman.
Conhecida também por “Dona Sobre”, por conta do instagram @sobreissoeaquilo
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Excelente artigo e concordo totalmente! A Anninha sempre falando sobre assuntos relevantes com precisão e equilíbrio!