Por Anna Cruz
Eu não sou professora. Não tenho formação em nenhuma licenciatura. Não li Montessori, Piaget, Emília Ferreiro. Desculpem, tudo o que eu disser não tem validação científica, não segue nenhum método e só foi testado lá em casa.
Pois é, eu sou mãe. Só isso. Não, espera. Tudo isso. Eu sou mãe e fico pensando em formas de ajudar minhas meninas no processo de alfabetização.
Muitas mães, com certeza, estão na mesma posição que eu: querem ajudar, mas não têm instrumental teórico.
Com minha mais velha, nas horas vagas, no contraturno, eu aplicava fichas elaboradas por mim mesma ou copiadas da internet, que frequentemente tinham como maior resultado promover o estresse: “faz isso, que lhe ajuda na escola!”, “mas eu já estudei hoje de manhã!”, “só que tem que treinar para melhorar!”, “ah, não vou”, “vai sim, que tô mandando”… Que horror.
Com a mais nova, sorte dela, decidi que não iria mais transformar a hora do estudo em batalha familiar, era contraproducente, minava a relação e aumentava meu consumo de Neosaldina. Mas eu também não poderia também torná-la uma menina-lobo, sem estímulos. Aí me veio a óbvia ideia de tentar algumas brincadeiras.
4 Dicas para Ler, brincar e Amar em Casa
Para brincar, não preciso de nenhum pré-requisito formal e dificilmente errarei a ponto de causar transtornos.
A brincadeira dura enquanto durar a diversão e, por isso, garante total engajamento; a brincadeira é um momento de cooperação, mãe e filha, e não uma disputa, mais uma imposição.
Assim, nos fins de semana, quando tenho maior disponibilidade, desenvolvo algumas atividades.
BRINCADEIRA 1: MÉTODO COPROLÓGICO DE ALFABETIZAÇÃO
Não conheço criança que não goste de histórias de “pum” e “cocô”. E essas palavras, vejam só, são bem fáceis de escrever, né?
Então, em um quadro branco, eu as vou registrando, com sílabas formadas apenas no arranjo consoante e vogal (me-le-ca; xi-xi) e peço ajuda para ler. Risadaria geral. Deu certo.
BRINCADEIRA 2: VIAGEM DE BARCO
Escrevo nomes dos parentes e amigos em tirinhas de papel, arrumamos bacia com água e barquinho. Ela lê e decide quem entra no barco e quais tirinhas vão nadando no mar revolto.
Novamente, para facilitar, apenas nomes conhecidos e preferencialmente com consoante seguida de vogal, sem estrangeirismos, sem “CH”, “LH”, “NH”, “RR”, “SS”. Confesso que a tirinha com meu nome quase sempre é lançada em alto mar.
BRINCADEIRA 3: DENTISTA
Montamos um consultório odontológico, todo aquele aparato de jaleco, escovinha de dente, espelho, pasta, dispomos algumas bonecas em espera e eu listo a ordem de chegada delas ao lado de uma breve “anamnese”, queixa principal.
Repito a palavra “dente” e acresço “problemas”, de forma que “dente” logo se torna conhecido: dente sujo, dente doendo, etc..
BRINCADEIRA 4: EXPLORANDO NOSSO ESPAÇO
Em tiras de papel, escrevo partes da casa (porta, escada, sofá), ela sorteia e deve grudar a plaquinha na estrutura correspondente.
Para aumentar a emoção, depois da leitura confiro 10 segundos para achar o local e completar a tarefa.
Sobre as brincadeiras…
Sim, a essas brincadeiras somam-se nossas leituras diárias, a existência de uma bibliotequinha doméstica farta e diversa e a confecção dos deveres enviados pela escola para casa.
Não, as brincadeiras não garantem um bom desempenho acadêmico, notas, prêmios, destaque escolar.
Não, definitivamente não substituem o professor. Não sei, não sei se eu criei essas brincadeiras ou se elas já existiam por aí, o que provavelmente é o caso.
Sim, são divertidas.
Não, nem toda brincadeira precisa ser direcionada a um fim.
Sim, acho que vale a pena tentar no próximo feriado.
E você, como ajuda seu filho/filha nos estudos? Tem alguma estratégia para compartilhar conosco? Adoraríamos saber!
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Conheça a AUTORA!
Anna Cruz é graduada em Direito, especialista em Geriatria e Gerontologia, mestre em Direitos Humanos.
Autora do livro “Vulnerabilidade humana e envelhecimento: o que temos a ver com isso”, editado pela Portal Edições, 2015.
É mãe da M.L. e da C., filha da Vera e do Orlando, da Ana Maria Machado e do Ziraldo, da Ruth Rocha e do Sidónio Muralha, da Eva Furnari e do Roald Dahl, da Silvana Rando e do Michael Ende, da Sylvia Orthof e do Ilan Brenman.
Conhecida também por “Dona Sobre”, por conta do instagram @sobreissoeaquilo
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OLA DENISE! AMEI TEU BLOG. TENHO DIFICULDADES EM UTILIZAR ESTAS TECNOLOGIAS. DESCOBRI TEU TRABALHO PESQUISANDO NESTE MOMENTO DE ISOLAMENTO E ME INSPIREI PRA TENTAR FAZER UM. ESTOU PENSANDO EM COLOCAR NO MEU PLANEJAMENTO COM ATIVIDADES A DISTANCIA, A CONFECÇÃO DAS BANDEIRINHAS QUEM SOU EU? EU HAVIA FEITO UM LIVRINHO NO INICIO DAS AULAS MAS LOGO PARAMOS DEVIDO A ESTA EPIDEMIA. qUERO PARABENIZA-LA POR ESTE TRABALHO DO BLOG.
Oi Patrícia!
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